A organização das linhas no espaço
corresponde a determinadas zonas na Terra, por largos ciclos no tempo. Atendem-se, ao constituí-las, as variações de cultura moral e
intelectual, aproveitando-se as entidades mais afins com as populações dessas paragens.
Por isso, o espiritismo de linha se reveste, nos diversos países, de aspectos e
característicos regionais.
Nas falanges da Linha Branca de Umbanda e Demanda já se identificaram índios de quase todas as tribos brasileiras, sendo que numerosos foram europeus em encarnações anteriores; pretos da África e da Bahia, portugueses, espanhóis, muitos ilhéus malaios, muitíssimos hindus.
Nas falanges da Linha Branca de Umbanda e Demanda já se identificaram índios de quase todas as tribos brasileiras, sendo que numerosos foram europeus em encarnações anteriores; pretos da África e da Bahia, portugueses, espanhóis, muitos ilhéus malaios, muitíssimos hindus.
Pode-se, no terreiro de Umbanda, estudando-se as manifestações de
caboclos e pretos, estabelecer as diferenças raciais, distinguir as tendências
das mentalidades desses dois ramos da árvore humana, surpreender os costumes de
seus povos e comparar as duas psicologias.
O caboclo autêntico, vindo da mata, através de um aprendizado no espaço,
para a Tenda, tem o entusiasmo intolerante do cristão novo, é intransigente
como um frade, atirando a face os nossos defeitos e até com as nossas atitudes
se mete. Ouvindo queixas dos que sofrem as agruras da vida, responde zangado
que o espiritismo não é para ajudar ninguém na vida material, e atribui os
nossos sofrimentos a erros e faltas que teremos de pagar. Mas, em dois ou três
anos de contato com as misérias amargas de nossa existência, suaviza a sua
intransigência e acaba ajudando materialmente os irmãos encarnados, porque se
condói de sua penúria e deseja vê-los contentes e felizes.
O preto, que gemeu a eito sob o bacalhau do feitor, esse não pode ver
lágrima que não chore, e quase sempre sai a desbravar os caminhos dos
necessitados, antes que lhe peçam. O negro da África difere um pouco do da
Bahia; aquele, na sua bondade, auxilia a quem pode, porém, às vezes, se irrita
com os jactanciosos e com os ingratos, mas o da Bahia, em casos semelhantes,
enche-se de piedade, pensando nas dificuldades que os maus sentimentos vão
levantar na estrada de quem os cultiva.
A Linha Branca de Umbanda e Demanda tem o seu fundamento no exemplo de Jesus,
expulsando a vergalho os vendilhões do templo. Às vezes, é necessário recorrer
à energia para reprimir o sacrilégio, consistente na violação das leis de Deus
em prejuízo das criaturas humanas.
O homem prejudica o seu semelhante por inconsciência, ignorância ou
maldade. Nos dois primeiros casos, a Lei de Umbanda, manda esclarecer a quem
está em erro, até convencê-los de sua falta, impedindo-o, desde logo, de
continuar a sua ação maléfica. No segundo caso, reprime singelamente o
perverso.
[...]
Os sofrimentos que nos afligem são uma prova, ou provação, ou provém dos
nossos próprios erros, ou da maldade dos outros. Em caso de prova, temos de
suportá-la até o limite extremo, e os filhos de Umbanda procuram atenuá-las,
ensinando-nos a resignação, mostrando-nos a bondade de Deus, que nos permite o
resgate de nossas culpas sem puni-las com penalidades eternas, descrevendo-nos
os quadros de nossa felicidade futura. Se as nossas dores e dificuldades
significam consequências de nossas faltas, os protetores de Umbanda nos aconselham
a repará-las, conduzindo-nos com amor e paciência, ao arrependimento. Na
terceira hipótese, reprimem energicamente os malvados que nos perseguem do
espaço para cevar ódios da Terra. Nas angústias de nossa vida material, afastam
de nosso ambiente, purificando-o os fluidos da inveja, da cobiça, da antipatia
e da inimizade.
O tratamento da obsessão, as curas
das doenças de natureza espiritual, constitui os trabalhos de caridade; os outros, os de demanda; porém, os dois são absolutamente gratuitos. Se algum médium se esquece de seus deveres e recebe dinheiro, ou coisa correspondente, pela caridade feita, pelo seu protetor, este se retira, abandonando-o à entidades que em geral o reduzem a miséria.
das doenças de natureza espiritual, constitui os trabalhos de caridade; os outros, os de demanda; porém, os dois são absolutamente gratuitos. Se algum médium se esquece de seus deveres e recebe dinheiro, ou coisa correspondente, pela caridade feita, pelo seu protetor, este se retira, abandonando-o à entidades que em geral o reduzem a miséria.
A hierarquia, na Linha Branca, é positiva, mantendo-se com severidade.
Todos os seus dirigentes espirituais proclamam e reconhece a autoridade de
Ismael, guia do espiritismo no Brasil.
A incorporação é sempre um fenômeno complexo, que se processa mediante acidente
psicológico, físico e espiritual, e tem na Linha Branca de Umbanda a expressão máxima
de sua transcendência. Vulgarmente, basta que o espírito se assenhoreie dos órgãos
cerebrais, vocais, e manuais, ou de todos os chamados nobres, para fazer a comunicação
verbal ou escrita, e dar passes. Na Linha Branca, precisa apropriar-se de todo
o organismo do médium, porque nesse corpo vai viver materialmente algumas horas,
movendo-se, utilizando-se de objetos, às vezes suportando pesos. A incorporação
na Linha Branca é quase uma reencarnação, no dizer de um espírito.
Dir-se-á que todos os socorros prestados pela Linha Branca poderiam
sê-lo, sem os seus trabalhos, pelos altos guias, pelos espíritos superiores.
Os espíritos de luz que baixam à Terra, e se conservam em nossa
atmosfera orientam falanges ou desempenha outras missões, e não contrariam, nem
poderiam contrariar, desígnios em que se enquadram as funções de todos os
servos da fé, grandes ou pequeninos, se em algumas situações lhes é permitido
exercer a sua ação instantânea em favor de quem soube merecê-la, na maioria das
circunstâncias deixam o indivíduo, pelas faltas do passado ou pelas culpas do
presente, submeter-se ao que lhe parece uma degradação.
Estamos numa época amargurada de arrogante orgulho intelectual e
insolente vaidade mundana, e, para abater a propagação desses orgulhosos, os
episódios de suas existências se encadeiam de modo a arrastá-los a implorar e a
receber a misericórdia de Deus, por intermédio dos espíritos mais atrasados, ou
que como tais se apresentam.
Extraído do livro: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda; 1933
Autor: Leal de Souza
Extraído do livro: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda; 1933
Autor: Leal de Souza